terça-feira, 24 de abril de 2012

FIGURAS DE LINGUAGEM

METÁFORA

É o emprego de uma palavra com o significado de outra em vista de uma relação de semelhanças entre ambas. É uma comparação subentendida.

Exemplo:

Minha boca é um
tumulo.

Essa rua é um verdadeiro deserto.


COMPARAÇÃO

Consiste em atribuir características de um ser a outro, em virtude de uma determinada semelhança.

Exemplo:

O meu coração está igual a um céu
cinzento.

O carro dele é rápido como um avião.


PROSOPOPÉIA


É uma figura de linguagem que atribui características humanas a seres inanimados. Também podemos chamá-la de PERSONIFICAÇÃO.

Exemplo:

O céu está mostrando sua
face mais bela.

O cão mostrou grande sisudez.


SINESTESIA

Consiste na fusão de impressões sensoriais diferentes.

Exemplo:

Raquel tem um olhar
frio, desesperador.

Aquela criança tem um olhar tão
doce.


CATACRESE

É uma metáfora desgastada, tão usual que já não percebemos. Assim, a catacrese é o emprego de uma palavra no sentido figurado por falta de um termo próprio.

Exemplo:

O menino quebrou o
braço da cadeira.

A
manga da camisa rasgou.


METONÍMIA

É a substituição de uma palavra por outra, quando existe uma relação lógica, uma proximidade de sentidos que permite essa troca. Ocorre metonímia quando empregamos:

- O autor pela obra.

Exemplo:

Li
Jô Soares dezenas de vezes. (a obra de Jô Soares)


- o continente pelo conteúdo.

Exemplo:

O
ginásio aplaudiu a seleção. (ginásio está substituindo os torcedores)


- a parte pelo todo.

Exemplo:

Vários brasileiros vivem sem
teto, ao relento. (teto substitui casa)


- o efeito pela causa.

Exemplo:

Suou muito para conseguir a casa própria. (suor substitui o trabalho)


PERÍFRASE

É a designação de um ser através de alguma de suas características ou atributos, ou de um fato que o celebrizou.

Exemplo:

A
Veneza Brasileira também é palco de grandes espetáculos. (Veneza Brasileira = Recife)

A Cidade Maravilhosa está tomada pela violência.(Cidade Maravilhosa = Rio de Janeiro)


ANTÍTESE

Consiste no uso de palavras de sentidos opostos.

Exemplo:


Nada com Deus é tudo.

Tudo sem Deus é nada.


EUFEMISMO

Consiste em suavizar palavras ou expressões que são desagradáveis.

Exemplo:


Ele foi repousar no céu, junto ao Pai. (repousar no céu = morrer)

Os homens públicos envergonham o povo. (homens públicos = políticos)


HIPÉRBOLE

É um exagero intencional com a finalidade de tornar mais expressiva a idéia.

Exemplo:

Ela chorou
rios de lágrimas.

Eu quase
morri de susto, por sua causa.


IRONIA

Consiste na inversão dos sentidos, ou seja, afirmamos o contrário do que pensamos.

Exemplo:

Que aluno
 inteligente, não sabe nem somar.

Se você gritar mais alto, eu agradeço.

ONOMATOPÉIA

Consiste na reprodução ou imitação do som ou voz natural dos seres.

Exemplo:

Com o
au-au dos cachorros, os gatos desapareceram.

Miau-miau. – Eram os gatos miando no telhado a noite toda.


ALITERAÇÃO

Consiste na repetição de um determinado som consonantal no início ou interior das palavras.

Exemplo:

O
rato roeu a roupa do rei de Roma.


ELIPSE

Consiste na omissão de um termo que fica subentendido no contexto, identificado facilmente.

Exemplo:


Após a queda, nenhuma fratura.


ZEUGMA

Consiste na omissão de um termo já empregado anteriormente.

Exemplo:

Ele
come carne, eu verduras.


PLEONASMO

Consiste na intensificação de um termo através da sua repetição, reforçando seu significado.

Exemplo:

Nós
cantamos um canto glorioso.

Menino, desce dai de cima e entra pra dentro.

POLISSÍNDETO

É a repetição da conjunção entre as orações de um período ou entre os termos da oração.

Exemplo:

Chegamos de viagem
e tomamos banho e saímos para dançar.


ASSÍNDETO

Ocorre quando há a ausência da conjunção entre duas orações.

Exemplo:

Chegamos de viagem
, tomamos banho, depois saímos para dançar.


ANACOLUTO

Consiste numa mudança repentina da construção sintática da frase.

Exemplo:


Ele, nada podia assustá-lo.

Nota: o anacoluto ocorre com freqüência na linguagem falada, quando o falante interrompe a frase, abandonando o que havia dito para reconstruí-la novamente.

ANAFÓRA

Consiste na repetição de uma palavra ou expressão para reforçar o sentido, contribuindo para uma maior expressividade.

Exemplo:


Cada alma é uma escada para Deus,

Cada alma é um corredor-Universo para Deus,

Cada alma é um rio correndo por margens de Externo

Para Deus e em Deus com um sussurro noturno. (Fernando Pessoa)


SILEPSE

Ocorre quando a concordância é realizada com a idéia e não sua forma gramatical. Existem três tipos de silepse: gênero, número e pessoa.

De gênero.

Exemplo:

Vossa excelência está preocupado com as notícias. (a palavra vossa excelência é feminina quanto à forma, mas nesse exemplo a concordância se deu com a pessoa a que se refere o pronome de tratamento e não com o sujeito).

De número.

Exemplo:

A
boiada ficou furiosa com o peão e derrubaram a cerca. (nesse caso a concordância se deu com a idéia de plural da palavra boiada).

De pessoa

Exemplo:

As mulheres decidimos não votar em determinado partido até prestarem conta ao povo.(nesse tipo de silepse, o falante se inclui mentalmente entre os participantes de um sujeito em 3ª pessoa).

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Variações linguísticas - O modo de falar do brasileiro

Toda língua possui variações linguísticas. Elas podem ser entendidas por meio de sua história no tempo (variação histórica) e no espaço (variação regional). As variações linguísticas podem ser compreendidas a partir de três diferentes fenômenos.
1) Em sociedades complexas convivem variedades linguísticas diferentes, usadas por diferentes grupos sociais, com diferentes acessos à educação formal; note que as diferenças tendem a ser maiores na língua falada que na língua escrita;
2) Pessoas de mesmo grupo social expressam-se com falas diferentes de acordo com as diferentes situações de uso, sejam situações formais, informais ou de outro tipo;
3) Há falares específicos para grupos específicos, como profissionais de uma mesma área (médicos, policiais, profissionais de informática, metalúrgicos, alfaiates, por exemplo), jovens, grupos marginalizados e outros. São as gírias e jargões.
Assim, além do português padrão, há outras variedades de usos da língua cujos traços mais comuns podem ser evidenciados abaixo.

Uso de “r” pelo “l” em final de sílaba e nos grupos consonantais: pranta/planta; broco/bloco.
Alternância de “lh” e “i”: muié/mulher; véio/velho.
Tendência a tornar paroxítonas as palavras proparoxítonas: arve/árvore; figo/fígado.
Redução dos ditongos: caxa/caixa; pexe/peixe.
Simplificação da concordância: as menina/as meninas.
Ausência de concordância verbal quando o sujeito vem depois do verbo: “Chegou” duas moças.
Uso do pronome pessoal tônico em função de objeto (e não só de sujeito): Nós pegamos “ele” na hora.
Assimilação do “ndo” em “no”( falano/falando) ou do “mb” em “m” (tamém/também).
Desnasalização das vogais postônicas: home/homem.
Redução do “e” ou “o” átonos: ovu/ovo; bebi/bebe.
Redução do “r” do infinitivo ou de substantivos em “or”: amá/amar; amô/amor.
Simplificação da conjugação verbal: eu amo, você ama, nós ama, eles ama.



Variações regionais: os sotaques

Se você fizer um levantamento dos nomes que as pessoas usam para a palavra "diabo", talvez se surpreenda. Muita gente não gosta de falar tal palavra, pois acreditam que há o perigo de evocá-lo, isto é, de que o demônio apareça. Alguns desses nomes aparecem em o "Grande Sertão: Veredas", Guimarães Rosa, que traz uma linguagem muito característica do sertão centro-oeste do Brasil:

Demo, Demônio, Que-Diga, Capiroto, Satanazim, Diabo, Cujo, Tinhoso, Maligno, Tal, Arrenegado, Cão, Cramunhão, O Indivíduo, O Galhardo, O pé-de-pato, O Sujo, O Homem, O Tisnado, O Coxo, O Temba, O Azarape, O Coisa-ruim, O Mafarro, O Pé-preto, O Canho, O Duba-dubá, O Rapaz, O Tristonho, O Não-sei-que-diga, O Que-nunca-se-ri, O sem gracejos, Pai do Mal, Terdeiro, Quem que não existe, O Solto-Ele, O Ele, Carfano, Rabudo.

Drummond de Andrade, grande escritor brasileiro, que elabora seu texto a partir de uma variação linguística relacionada ao vocabulário usado em uma determinada época no Brasil.

Antigamente
"Antigamente, as moças chamavam-se mademoiselles e eram todas mimosas e muito prendadas. Não faziam anos: completavam primaveras, em geral dezoito. Os janotas, mesmo sendo rapagões, faziam-lhes pé-de-alferes, arrastando a asa, mas ficavam longos meses debaixo do balaio."

Como escreveríamos o texto acima em um português de hoje, do século 21? Toda língua muda com o tempo. Basta lembrarmos que do latim, já transformado, veio o português, que, por sua vez, hoje é muito diferente daquele que era usado na época medieval.

 

Língua e status

Nem todas as variações linguísticas têm o mesmo prestígio social no Brasil. Basta lembrar de algumas variações usadas por pessoas de determinadas classes sociais ou regiões, para perceber que há preconceito em relação a elas.

Veja este texto de Patativa do Assaré, um grande poeta popular nordestino, que fala do assunto:

O Poeta da Roça
Sou fio das mata, canto da mão grossa,
Trabáio na roça, de inverno e de estio.
A minha chupana é tapada de barro,
Só fumo cigarro de paia de mío.

Sou poeta das brenha, não faço o papé
De argun menestré, ou errante cantô
Que veve vagando, com sua viola,
Cantando, pachola, à percura de amô.
Não tenho sabença, pois nunca estudei,
Apenas eu sei o meu nome assiná.
Meu pai, coitadinho! Vivia sem cobre,
E o fio do pobre não pode estudá.

Meu verso rastero, singelo e sem graça,
Não entra na praça, no rico salão,
Meu verso só entra no campo e na roça
Nas pobre paioça, da serra ao sertão.
(...)

Você acredita que a forma de falar e de escrever comprometeu a emoção transmitida por essa poesia? Patativa do Assaré era analfabeto (sua filha é quem escrevia o que ele ditava), mas sua obra atravessou o oceano e se tornou conhecida mesmo na Europa.

Leia agora, um poema de um intelectual e poeta brasileiro, Oswald de Andrade, que, já em 1922, enfatizou a busca por uma "língua brasileira".

Vício na fala
Para dizerem milho dizem mio
Para melhor dizem mió
Para pior pió
Para telha dizem teia
Para telhado dizem teiado
E vão fazendo telhados.

Uma certa tradição cultural nega a existência de determinadas variedades linguísticas dentro do país, o que acaba por rejeitar algumas manifestações linguísticas por considerá-las deficiências do usuário. Nesse sentido, vários mitos são construídos, a partir do preconceito linguístico.

"Descobrimento do Brasil" - Resumo

Em 22 de abril de 1500 chegava ao Brasil 13 caravelas portuguesas lideradas por Pedro Álvares Cabral. A primeira vista, eles acreditavam tratar-se de um grande monte, e chamaram-no de Monte Pascoal. No dia 26 de abril, foi celebrada a primeira missa no Brasil.

Após deixarem o local em direção à Índia, Cabral, na incerteza se a terra descoberta tratava-se de um continente ou de uma grande ilha, alterou o nome para Ilha de Vera Cruz. Após exploração realizada por outras expedições portuguesas, foi descoberto tratar-se realmente de um continente, e novamente o nome foi alterado. A nova terra passou a ser chamada de Terra de Santa Cruz. Somente depois da descoberta do pau-brasil, ocorrida no ano de 1511, nosso país passou a ser chamado pelo nome que conhecemos hoje: Brasil. 

A descoberta do Brasil ocorreu no período das grandes navegações, quando Portugal e Espanha exploravam o oceano em busca de novas terras. Poucos anos antes da descoberta do Brasil, em 1492, Cristóvão Colombo, navegando pela Espanha, chegou a América, fato que ampliou as expectativas dos exploradores. Diante do fato de ambos terem as mesmas ambições e com objetivo de evitar guerras pela posse das terras, Portugal e Espanha assinaram o Tratado de Tordesilhas, em 1494. De acordo com este acordo, Portugal ficou com as terras recém descobertas que estavam a leste da linha imaginária ( 200 milhas a oeste das ilhas de Cabo Verde), enquanto a Espanha ficou com as terras a oeste desta linha. 

Mesmo com a descoberta das terras brasileiras, Portugal continuava empenhado no comércio com as Índias, pois as especiarias que os portugueses encontravam lá eram de grande valia para sua comercialização na Europa. As especiarias comercializadas eram: cravo, pimenta, canela, noz moscada, gengibre, porcelanas orientais, seda, etc. Enquanto realizava este lucrativo comércio, Portugal realizava no Brasil o extrativismo do pau-brasil, explorando da Mata Atlântica toneladas da valiosa madeira, cuja tinta vermelha era comercializada na Europa. Neste caso foi utilizado o escambo, ou seja, os indígenas recebiam dos portugueses algumas bugigangas (apitos, espelhos e chocalhos) e davam em troca o trabalho no corte e carregamento das toras de madeira até as caravelas. 

Foi somente a partir de 1530, com a expedição organizada por Martin Afonso de Souza, que a coroa portuguesa começou a interessar-se pela colonização da nova terra. Isso ocorreu, pois havia um grande receio dos portugueses em perderem as novas terras para invasores que haviam ficado de fora do tratado de Tordesilhas, como, por exemplo, franceses, holandeses e ingleses. Navegadores e piratas destes povos, estavam praticando a retirada ilegal de madeira de nossas matas. A colonização seria uma das formas de ocupar e proteger o território. Para tanto, os portugueses começaram a fazer experiências com o plantio da cana-de-açúcar, visando um promissor comércio desta mercadoria na Europa.

Devemos Lembrar que já existia a possibilidade de Portugal desconfiar que existiam terras na região - podemos perceber pelo fato do Rei de Portugal ter brigado para o prolongamento da distância do Tratado de Tordesilhas - portanto podemos dizer que o Brasil não foi descoberto e sim "achado" ou, na melhor das hipóteses, conquistado, pois já existiam pessoas morando aqui, os índios!

Estado Moderno - Resumo

O Estado Moderno nasceu na segunda metade do século XV, a partir do desenvolvimento do capitalismo mercantil nos países como a França, Inglaterra e Espanha, e mais tarde na Itália. Foi na Itália que surgiu o primeiro teórico a refletir sobre a formação dos Estados Modernos, Nicolau Maquiavel, que no início de 1500 falou que os Estados Modernos fundam-se na força. Entre as características do Estado Moderno estão:
Soberania do Estado: o qual não permite que sua autoridade dependa de nenhuma outra autoridade
Distinção entre Estado e sociedade civil: evidencia-se com a ascensão da burguesia, no século XVII

O Estado Absolutista
O absolutismo é a primeira forma de Estado moderno.

O Estado Liberal
apresenta-se como desdobramento lógico da separação entre o publico e o privado ou pessoal.

O Liberalismo Econômico
Ser burguês liberal no século XVIII significava recusar qualquer intervencionismo estatal na economia.

O Liberalismo Político
A teoria liberal do Estado fundamentava-se na competição de uma sociedade dividida, portanto, estimulava as partes a não se submeterem ao todo, cada um cuidava da sua vida, mas a administra-lo em condições de igualdade.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Crise do Feudalismo

Durante a crise feudal, a Peste Negra diminuiu os contingentes populacionais da Europa. 
Durante a crise feudal, a Peste Negra diminuiu os contingentes populacionais da Europa.

O crescimento demográfico, observado na Europa a partir do século X, modificou o modelo autossuficiente dos feudos. Entre os séculos XI e XIII a população europeia mais que dobrou. O aumento das populações impulsionou o crescimento das lavouras e a dinamização das atividades comerciais. No entanto, essas transformações não foram suficientes para suprir a demanda alimentar daquela época. Nesse período, várias áreas florestais foram utilizadas para o aumento das regiões cultiváveis.

A discrepância entre a capacidade produtiva e a demanda de consumo retraiu as atividades comerciais e a dieta alimentar das populações se empobreceu bastante. Em condições tão adversas, o risco de epidemias se transformou em um grave fator de risco. No século XIV, a peste negra se espalhou entre as populações causando uma grande onda de mortes que ceifou, aproximadamente, um terço da Europa. No século XV, o contingente populacional europeu atingia a casa dos 35 milhões de habitantes.

A falta de mão de obra disponível reforçou a rigidez anteriormente observada nas relações entre senhores e servos. Temendo perder os seus servos, os senhores feudais criavam novas obrigações que reforçassem o vínculo dos camponeses com a terra. Além disso, o pagamento das obrigações sofreu uma notória mudança com a reintrodução de moedas na economia da época. Os senhores feudais preferiam receber parte das obrigações com moedas que, posteriormente, viessem a ser utilizadas na aquisição de mercadorias e outros gêneros agrícolas comercializados em feiras.

Os camponeses, nessa época, responderam ao aumento de suas obrigações com uma onda de violentos protestos acontecidos ao longo do século XIV. As chamadas jacqueries foram uma série de revoltas camponesas que se desenvolveram em diferentes pontos da Europa. Entre 1323 e 1328, os camponeses da região de Flandres organizaram uma grande revolta; no ano de 1358 uma nova revolta explodiu na França; e, em 1381, na Inglaterra.

Passadas as instabilidades do século XIV, o contingente populacional cresceu juntamente com a produção agrícola e as atividades comerciais. Em contrapartida, a melhoria dos índices sociais e econômicos seguiu-se de novos problemas a serem superados pelas sociedades europeias. A produção agrícola dos feudos não conseguia abastecer os centros urbanos e os centros comerciais não conseguiam escoar as mercadorias confeccionadas.

Ao mesmo tempo, o comércio vivia grandes entraves com o monopólio exercido pelos árabes e pelas cidades italianas. As rotas comerciais e feiras por eles controladas inseriam um grande número de intermediários, encarecendo o valor das mercadorias vindas do Oriente. Como se não bastassem os altos preços, a falta de moedas impedia a dinamização das atividades comerciais do período. Nesse contexto, somente a busca de novos mercados de produção e consumo poderiam amenizar tamanhas dificuldades. Foi assim que, nos séculos XV e XVI, a expansão marítimo-comercial se desenvolveu.

"NÓIS MUDEMO"

O ônibus da Transbrasiliana deslizava manso pela Belém-Brasília rumo a Porto Nacional. Era abril, mês das derradeiras chuvas. No céu, uma luazona enorme pra namorado nenhum botar defeito. Sob 0 luar generoso, 0 cerrado verdejante era um presépio, todo poesia e misticismo.
Mas minha alma estava profundamente amargurada. O encontro daquela tarde, a visão daquele jovem marcado pelo sofrimento, precocemente envelhecido, a crua recordação de um episódio que parecia tao banal ... Tentei dormir. Inútil. Meus olhos percorriam a paisagem enluarada, mas ela nada mais era para mim que 0 pano de fundo de um drama estúpido e trágico.
As aulas tinham começado numa segunda-feira. Escola de periferia, classes heterogêneas, retardatários. Entre eles, uma criança crescida, quase um rapaz.
- Por que você faltou esses dias todos?
-É que nóis mudemo onti, fessora. Nóis veio da fazenda.
Risadinhas da turma.
- Não se diz nóis mudemo", menino! A gente deve dizer: "nós mudamos, tá?
- Tá, fessora!
No recreio, as chacotas dos colegas: "Oi, nóis mudemo!" "Até amanhã, nóis mudemo!" No dia seguinte, a mesma coisa: risadinhas, cochichos, gozações.
-Pai, não vô mais pra escola!
- Oxente! Modi quê? Ouvida a história, 0 pai coçou a cabeça e disse:
- Meu fio, num deixa a escola por uma bobagem dessa! Não liga pras gozações da meninada! Logo eles esquece.
Não esqueceram.
Na quarta-feira, dei pela falta do menino. Ele não apareceu no resto da semana, nem na segunda-feira seguinte. Ai me dei conta de que eu nem sabia 0 nome dele. Procurei no diário de classe e soube que se chamava Lucio -Lucio Rodrigues Barbosa. Achei 0 endereço. Longe, um dos últimos casebres do bairro. Fui lá, uma tarde. 0 rapazola tinha partido no dia anterior para a casa de um tio, no sul do Pará.
- É, professora, meu fio não aguentou as gozações da meninada. Eu tentei fazê ele continua, mas não teve jeito. Ele tava chateado demais. Bosta de vida! Eu devia di té ficado na fazenda côa famia. Na cidade nóis nao tem veis. Nóis fala tudo errado.
Inexperiente, confusa, sem saber 0 que dizer, engoli em seco e me despedi.
O episódio ocorrera há dezessete anos e tinha caído em total esquecimento, ao menos de minha parte.
Uma tarde, num povoado à beira da Belém-Brasília, eu ia pegar 0 ônibus, quando alguém me chamou. Olhei e vi, acenando para mim, um rapaz pobremente vestido, magro, com aparência doentia.
- O que é, moço?
- A senhora nao se lernbra de mim, fessora?
Olhei para ele, dei tratos à bola. Reconstituí num momento meus longos anos de
sacerdócio, digo, de magistério. Tudo escuro.
- Não me lembro não, moço. Você me conhece? De onde? Foi meu aluno? Como se chama?
Para tantas perguntas, uma resposta lacônica:
- Eu sou "Nóis mudemo", lembra?
Comecei a tremer.
- Sim, moço . Agora lembro. Como era mesmo seu nome?
- Lucio -Lucio Rodrigues Barbosa.
- O que aconteceu com você?
- O que aconteceu? Ah! fessora! É mais fácil dizê 0 que não aconteceu. Comi 0 pão que 0 diabo amasso. E êta diabo bom de padaria! Fui garimpeiro, fui bóia-fria, um "gato" me arrecadou e levou num caminhão pruma fazenda no meio da mata. Lá trabaiei como escravo, passei fome, fui baleado quando consegui fugi. Peguei tudo quanta e doença. Até na cadeia já fui pará. Nóis ignorante às veis fais coisa sem querê fazé. A escola fais uma farta danada. Eu não devia de té saído daquele jeito, fessora, mas não aguentei as gozação da turma. Eu vi logo que nunca ia consegui fala direito. Ainda hoje não sei.
- Meu Deus!
Aquela revelação me virou pelo avesso. Foi demais para mim. Descontrolada, comecei a soluçar convulsivamente. Como eu podia ter sido tão burra e má? E abracei 0 rapaz, 0 que restava do rapaz, que me olhava atarantado.
O ônibus buzinou com insistência. O rapaz afastou-me de mim suavemente.
- Chora não, fessora! A senhora não tem curpa.
- Como? Eu não tenho culpa? Deus do céu!
Entrei no ônibus apinhado. Cem olhos eram cem f1echas vingadoras apontadas
para mim. O ônibus partiu. Pensei na minha sala de aula. Eu era uma assassina a caminho da guilhotina.
Hoje tenho raiva da gramática. Eu mudo, tu mudas, ele muda, nós mudamos, mudamos, mudaamoos, mudaaamooos... Superusada, mal usada, abusada, ela e uma guilhotina dentro da escola. A gramática faz gato e sapato da língua materna -a língua que a criança aprendeu com seus pais, irmãos e colegas -e se toma 0 terror dos alunos. Em vez de estimular e fazer crescer, comunicando, ela reprime e oprime, cobrando centenas de regrinhas estúpidas para aquela idade.
E os Lucios da vida, os milhares de Lucios da periferia e do interior, barrados nas salas de aula: "Não e assim que se diz, menino!" Como se 0 professor quisesse dizer: "Você está errado! Os seus pais estão errados! Seus irmãos e amigos e vizinhos estão errados! A certa sou eu! Imite-me! Copie-me! Fale como eu! Você não seja você! Renegue suas raizes! Diminua-se! Desfigure-se! Fique no seu lugar! Seja uma sombra! E siga desarmado pelo matadouro da vida..."

terça-feira, 10 de abril de 2012

Processos Seletivos 2013: solicitação de isenção a partir de 10/4

Pedidos devem ser feitos pela internet até o dia 4 de maio e entrega de documentação comprobatória junto do formulário de solicitação deve ser feita até 11 de maio. Uepa concede mais de 12 mil isenções esse ano.

Começa às 14h do dia 10 de abril o período de solicitação de isenção da taxa de inscrição para os Processos Seletivos 2013 da Universidade do Estado do Pará (Uepa). Os interessados em participar do Processo Seletivo (Prosel) e do Programa de Ingresso Seriado (Prise) - Subprograma XVI tem até 23h do dia 4 de maio para acessar os endereços www.uepa.br ouwww.prodepa.psi.br/uepa e realizar o pedido. A instituição está ofertando 12.660 isenções, sendo 6.960 integrais e 5.700 parciais (50% de isenção) - cerca de 10% a mais que no ano passado, quando a Uepa concedeu 11.500 isenções. Vale lembrar que após o cadastro online, o candidato é obrigado a imprimir o formulário de solicitação, anexá-lo às cópias dos documentos descritos no item 3 ("DA DOCUMENTAÇÃO OBRIGATÓRIA A SER ANEXADA AO FORMULÁRIO") e entregá-lo nos locais descritos no item 4 ("DA ENTREGA") dos editais 35/2012 e 36/3012, disponíveis abaixo, até 11 de maio, entre 8h e 14h. As provas dos Processos Seletivos 2013 estão marcadas para 2 de dezembro (1a. etapa), 3 de dezembro (2a. etapa) e 16 de dezembro (3a. etapa) de 2012. Inscritos aos cursos de Licenciatura e Bacharelado em Música farão o Exame Habilitatório nos dias 28 e 29 de outubro do mesmo ano.

ACESSE AQUI O FORMULÁRIO DE SOLICITAÇÃO - COMUNIDADE EXTERNA


ACESSE AQUI O FORMULÁRIO DE SOLICITAÇÃO - SERVIDORES E DEPENDENTES


ACESSE AQUI O FORMULÁRIO DE SOLICITAÇÃO - CANDIDATOS COM DEFICIÊNCIA


EDITAL Nº 34/2012 - ISENÇÃO DE TAXA DE INSCRIÇÃO PROCESSO SELETIVO – PROSEL/2013


EDITAL Nº 35/2012 - ISENÇÃO DE TAXA DE INSCRIÇÃO PROCESSO SELETIVO – PRISE – SUBPROGRAMA XVI (1ª Etapa)


EDITAL Nº 36/2012 - ESTRUTURA E CALENDÁRIO DAS PROVAS DE INGRESSO AOS CURSOS DE GRADUAÇÃO


De acordo com a Diretoria de Acesso e Avaliação (DAA), para o Prosel, serão ofertadas 8.860 isenções, sendo 5.060 integrais e 3.800 parciais (50% de isenção); e ao Prise, 3.800 isenções, sendo 1.900 integrais e 1.900 parciais (50% de isenção). O valor cobrado no ato da inscrição aos candidatos que obtiverem isenção não-total será de R$ 30 (Prosel) e R$ 17,50 (Prise).

A definição da concessão de taxa de inscrição total ou parcial ficará a critério da Uepa, que decidirá a partir da demanda e da análise da situação socioeconômica do interessado, conforme a apresentação dos documentos especificados no item 3 dos editais, e que serão analisados por um grupo de profissionais qualificados para tal. Será considerado como pré-requisito para análise socioeconômica possuir renda igual ou inferior a dois salários mínimos. Esse mesmo grupo fará visitas técnicas não previamente marcadas, por amostragem, para efeito de decisão de concessão de isenção. Se houver empate entre candidatos no momento da classificação para preenchimento das vagas, será obedecido o critério de maior idade.

A divulgação oficial do resultado será no dia 10 de agosto de 2012, até às 14h, no site da Uepa, e ainda nos quadros de aviso do prédio da Reitoria, bem como nos campi do interior do Estado. Os isentos (integrais e parciais) devem imprimir seus comprovantes de isenção e efetivar a inscrição junto aos demais candidatos no mesmo período estabelecido pelos editais dos Processos Seletivos 2013, que serão publicados até 31 de agosto desse ano - sob pena de perda automática do benefício se não o fizerem.

DOCUMENTOS QUE DEVEM SER ENTREGUES JUNTO AO FORMULÁRIO DE SOLICITAÇÃO - ATÉ 11 DE MAIO

VÁLIDO PARA TODOS OS CANDIDATOS: fotocópia do Documento de Identidade;
SOMENTE PARA OS CANDIDATOS DO PROSEL: atestado de que está cursando desde a 1ª série do Ensino Médio, em escola pública ou como bolsista integral em escola particular, com conclusão neste ano;
SOMENTE PARA OS CANDIDATOS DO PRISE: atestado de que está cursando a 1ª série do Ensino Médio em escola pública, ou como bolsista integral, em escola particular;
SOMENTE PARA OS CANDIDATOS DO PROSEL: Histórico Escolar se concluiu todo o Ensino Médio em escola pública, ou como bolsista integral, em escola particular;
SOMENTE PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA (PROSEL/PRISE): laudo médico no original ou em cópia autenticada emitido nos últimos 12 meses, atestando o tipo e o grau ou nível da deficiência, com expressa referencia correspondente da Classificação Internacional de Doenças (CID 10);
SOMENTE PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA (PROSEL/PRISE): cópia do seu cadastro atualizado expedido pela instituição de deficientes a qual pertence.

* A falta da cópia de um dos documentos para comprovação das situações indicadas implicará na eliminação automática do candidato à isenção.

LOCAIS DE ENTREGA DA DOCUMENTAÇÃO

Na capital:
a) Centro de Ciências Sociais e da Educação - (CCSE) - Campus I - Trav. Djalma Dutra, s/n – Bairro do Telégrafo – Belém - Pará;
b) Centro de Ciências Biológicas e da Saúde - (CCBS) - Campus II - Trav. Perebebuí, 2.623 - Bairro do Marco – Belém - Pará;
- Campus III – Av. João Paulo II, 817 - Bairro do Marco – Belém - Pará;
- Campus IV - Av. José Bonifácio, 1.289 - Bairro do Guamá – Belém - Pará;
c) Centro de Ciências Naturais e Tecnologia - (CCNT) - Campus V - Trav. Enéas Pinheiro, 2.626 - Bairro do Marco – Belém - Pará.

No interior:

a) Campus Universitário da Uepa nos municípios de Conceição do Araguaia, Santarém, Marabá, Tucuruí, São Miguel do Guamá, Moju, Altamira, Barcarena, Igarapé-Açu, Paragominas, Vigia, Redenção, Cametá, Salvaterra e Castanhal;
b) Unidade Regional de Educação (URE) nos municípios de Abaetetuba, Breves, Capanema, Itaituba,Monte Alegre, Parauapebas e Santa Izabel do Pará;
c) Escolas Sedes nos municípios de Rondon do Pará e Tailândia

ISENÇÃO DA TAXA DE INSCRIÇÃO PARA SERVIDORES DA UEPA E INSTITUTO ESTADUAL CARLOS GOMES – IECG

Servidores da Uepa e do IECG, bem como seus filhos, esposo(a) ou dependentes legais, terão isenção total de taxa de inscrição e, deverão solicitá-la via internet no mesmo período citado acima e seguindo as mesmas orientações descritas. Candidatos nessa situação devem entregar, no protocolo de local de trabalho do funcionário, além de toda a documentação listada, a fotocópia do contracheque de março ou abril de 2012 do servidor ou declaração de vínculo expedida pela Diretoria de Gestão de Pessoas (DGP/Uepa), e no caso de inscrição de dependente, comprovante desta ligação/parentesco (cópia da certidão de nascimento; cópia da certidão de casamento ou comprovante oficial desta dependência: declaração de imposto de renda e/ou declaração judicial). A falta da cópia de qualquer um dos documentos citados implica no indeferimento da concessão da isenção.

Serviço: mais informações poderão ser obtidas junto à DAA (Reitoria - Rua do Una, 156 - Telégrafo), ou ainda por meio do telefone (91) 3299-2216 e e-mail daa@uepa.br.